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Crianças com fenda labiopalatina apresentam melhores resultados quando intervencionadas precocemente

Criança com fenda labiopalatina (Foto: iStock, Maos)

seg. 18 setembro 2023

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Um estudo internacional, feito a recém-nascidos na Europa e América do Sul, revela que a cirurgia precoce para a correção da fenda labiopalatina isolada tem mais probabilidades de ser bem-sucedida. Publicado no New England Journal of Medicine e financiado pelo National Institutes of Health dos Estados Unidos, o estudo poderá ter implicações importantes nas atuais vias de tratamento.

 

A investigação liderada por William Shaw, professor da Universidade de Manchester, e por Carrol Gamble, professora da Universidade de Liverpool e com contributos de alguns co-investigadores seniores das Universidades de Gotemburgo, Copenhaga, São Paulo e Edimburgo, concluiu que a cirurgia para a correção da fenda palatina em bebés clinicamente aptos (em 23 centros especializados em fendas), aos seis meses de idade, reduziu o risco de insuficiência velofaríngea (IVF) aos cinco anos, em comparação com a reparação da fenda palatina aos 12 meses.

Dos 281 (84%) bebés distribuídos aleatoriamente para receberem a cirurgia aos seis meses, 235 permaneceram no estudo até às avaliações aos 5 anos de idade e forneceram gravações vídeo e áudio das avaliações da fala. No grupo aleatoriamente selecionado para receber a cirurgia aos 12 meses, foram 226 bebés, num total de 277 (82%).

Os resultados do ensaio internacional revelaram que: 

- A aleatorização para cirurgia primária de correção da fenda palatina aos seis meses de idade, em comparação com a intervenção aos 12 meses, foi associada a melhores resultados na fala aos cinco anos de idade. Também aos cinco anos, foi observada uma função velofaríngea insuficiente em 21 (9%) e 34 (15%) dos bebés aleatorizados para os grupos etários dos seis e 12 meses, respetivamente.

- Registaram-se três eventos adversos graves no grupo de seis meses e um no grupo de 12 meses. Todos foram resolvidos no seguimento.

- Outros eventos de segurança foram pouco frequentes e semelhantes entre os grupos. As taxas de cirurgia secundária foram semelhantes entre os grupos, mas as razões variaram. Mais bebés no grupo de seis meses necessitaram de uma cirurgia secundária para VPI, enquanto mais bebés no grupo de 12 meses necessitaram de uma cirurgia secundária para fístula.

- Ao fim de um ano, a audição e a função do ouvido médio eram piores no grupo que aguardava cirurgia. Estas diferenças, no entanto, não eram aparentes aos três e cinco anos de idade.

- Embora não tenha havido diferenças notáveis entre os grupos para o crescimento ao primeiro ano, os resultados do desenvolvimento dento facial aos cinco anos foram piores para o grupo aleatorizado para cirurgia aos seis meses. Contudo, a diferença entre os dois grupos não foi considerada clinicamente significativa.

"O TOPs é um excelente exemplo da abordagem de investigação da ciência de equipa necessária para realizar com êxito este ensaio complexo e exigente. A análise das gravações da fala exigiu que 41 terapeutas da fala e da linguagem dos locais participantes se deslocassem ao Reino Unido para avaliar as gravações da fala nos períodos de avaliação de um, três e cinco anos. Este facto deu origem a dados ricos e complexos para análise”, Carrol Gamble

 

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