Search Dental Tribune

“São todos casos diferentes e, para mim, são todos casos especiais!"

Tânia Lourenço (Foto: António Pedro Santos)

seg. 2 janeiro 2023

guardar

Com experiência no tratamento de crianças autistas sem necessidade de sedação, a Dra. Tânia Lourenço, fundadora da Clínica Dental Mind, defende que esta opção evita o recurso a outros fármacos que podem ser mais prejudiciais para o organismo, acabando por ser menos complexa. Por outro lado, “permite desenvolver no paciente, quer um maior controlo do seu comportamento durante as consultas, quer a consciência da importância de alterar hábitos quotidianos para assegurar uma boa saúde oral”. Até porque, revela, o mais importante é todos agirmos como os nossos próprios médicos dentistas.

Há seis anos fundou a Clínica Dental Mind. Era um sonho antigo por concretizar, ou sempre preferiu colaborar com várias clínicas privadas?

Acabei por ser “forçada” a montar a minha clínica, para conseguir proporcionar aos pacientes o tempo de consulta necessário para cada caso sem pressões externas e de poder gerir a agenda da melhor forma, mas as inúmeras tarefas inerentes à direção de uma clínica constituem uma sobrecarga.

Desde 2015 que é mestre em Medicina Dentária com uma dissertação sobre pacientes com autismo. Em traços gerais, em que consistiu este estudo e como se deu a escolha por este tema?

Como, ao longo da minha carreira clínica, foram aparecendo no consultório crianças com PEA (Perturbação do Espetro do Autismo), achei muito importante aprofundar os meus conhecimentos acerca deste tema. Por outro lado, na altura não encontrei nenhum estudo realizado em Portugal sobre a saúde oral neste grupo de pacientes. No estudo realizado a minha orientadora de dissertação e eu elaborámos um questionário a 45 pais / educadores de pacientes com PEA do distrito de Lisboa para conhecer melhor os comportamentos relacionados com as visitas ao profissional de saúde oral e entender quais os maiores “obstáculos” relacionados com a consulta de medicina dentária, para estudar os comportamentos relacionados com a higiene oral e os hábitos alimentares destes pacientes e descrever, com base na revisão da literatura científica, um protocolo de atuação para profissionais de saúde oral na consulta de medicina dentária para pacientes com PEA. A principal conclusão deste estudo foi que relativamente aos pacientes com PEA é bastante importante a atuação, a prevenção e o diagnóstico precoces das doenças orais, e implementar, desde cedo, rotinas saudáveis. Também é fundamental instruir os principais cuidadores destes pacientes quanto aos cuidados a ter com a saúde oral, de modo a prevenir tratamentos dentários mais complexos e dispendiosos.

Trata crianças autistas (e não autistas) sem necessidade de sedação. Porquê esta opção e o que a caracteriza?

Esta opção, que envolve o recurso a anestesia local (quando necessário), evita o recurso a outros fármacos que podem ser mais prejudiciais para o organismo, acaba por ser menos complexa. Por outro lado, permite desenvolver no paciente, quer um maior controlo do seu comportamento durante as consultas, quer a consciência da importância de alterar hábitos quotidianos para assegurar uma boa saúde oral. Acresce que em diversas situações, tais como a intolerância aos fármacos usados na sedação, por razões económicas ou por falta de resposta imediata (por exemplo, blocos operatórios fechados na altura da pandemia pela Covid-19), não é possível realizar a sedação/anestesia geral do paciente. Através de técnicas simples de modulação de comportamentos (por exemplo, controlo de voz, pedagogia visual, tell-show-do), podem ser alcançados resultados surpreendentes.

Entrevista completa no número 4 Dental Tribune Portugal.

To post a reply please login or register
advertisement
advertisement