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“Língua covid” – O alerta para os sintomas de covid-19 na cavidade oral

Imagem: sruilk/Shutterstock
Dental Tribune Portugal

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qui. 11 fevereiro 2021

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A língua geográfica, referida como “língua covid”, assim como infeções herpéticas e estomatite aftosa oral estão a ser observadas na cavidade oral em pessoas infetadas com a covid-19, noticia o Dental Tribune International.

Investigadores no Irão examinaram os efeitos da doença na cavidade oral, numa revisão de 17 estudos. Descobriram que 170 doentes, com idades compreendidas entre os 9 e os 90 anos, desenvolveram manifestações orais. A mais comum foi a xerostomia (reportada em 75 casos), seguida da disgeusia (71 casos) e da candidíase (67 casos). Dos 67 casos em que a candidíase foi identificada, amostras retiradas de 55 dos pacientes confirmaram a infeção fúngica. Uma mudança na sensação da língua foi relatada por 48 pacientes, dos quais 28 sofreram úlceras dolorosas na área. A dor muscular durante a mastigação foi relatada por 15 pacientes, e dez pacientes sofreram inchaço na cavidade oral. De acordo com o estudo, uma mudança na sensação da língua correlacionava fortemente com o palato inchado e as mudanças na candidíase.

Os autores identificaram seis casos de herpes simplex e “quatro pacientes desenvolveram erupções multiforme do eritema”. Além disso “as erosões, o eritema, as úlceras, a periodontite ulcerativa necrosante e as lesões semelhantes a aftas também foram observadas em casos únicos”, lê-se no estudo.

O aparecimento das manifestações orais foi detalhado em 95 dos 170 casos totais, e os investigadores encontraram uma média de 7,21 dias entre o aparecimento de sintomas recorrentes e o das manifestações orais. O início deste último variou de dez a 42 dias após sintomas recorrentes.

Os autores concluíram: “Os sintomas orais apareceram frequentemente após sintomas gerais como febre e astenia, mas ainda podem ser o sinal inicial ou único de covid‐19. Assim, deve ser realizado um exame intraoral clínico cuidadoso em doentes com covid‐19 positivos e igualmente em todos os doentes que necessitem de cuidados dentários de forma minuciosa e sistemática para garantir que não faltam peças e para obter mais dados clínicos, o que poderá abrir caminho a novos estudos.”

“Vale a pena referir que estas manifestações orais podem ser os únicos sinais de covid-19, e que também são suscetíveis de se manifestarem antes dos sintomas gerais” notou Pegah Hosseinzadeh, da Faculdade de Medicina Dentária da Guilan University of Medical Sciences, no Irão.

As conclusões foram apresentadas num artigo de revisão, intitulado “COVID‐19 from the perspective of dentists: A case report and brief review of more than 170 cases”, publicado no Dermatologic Therapy.

Um estudo transversal realizado por dermatologistas em Espanha, em abril de 2020, concluiu que um quarto dos pacientes apresentava um ou mais sintomas na cavidade oral. O estudo foi realizado num hospital temporário de campo criado para tratar casos leves a moderados de pneumonia associada à covid-19.

De acordo com o estudo, 78 casos (25,7%) apresentavam sintomas na cavidade oral. Os autores enumeraram-nos da seguinte forma: papilite lingual transitória (11,5%), glossite com entalhes laterais (6,6%), estomatite aftosa (6,9%), glossite com despapilação irregular (3,9%) e mucosite oral (3,9%). Uma sensação de queimadura na cavidade oral foi relatada por 5,3% dos participantes e verificou-se que estava comumente associada à disgeusia.

O estudo, apresentado numa carta de investigação publicada online no British Journal of Dermatology, afirmava que os sintomas na cavidade oral, como a glossite ou a papilite, não tinham sido previamente associados à covid-19, mas colocaram a hipótese de que o risco de contágio de examinar a cavidade oral poderia ter impedido um exame aprofundado da cavidade oral dos doentes com covid-19.

Os autores reconheceram as limitações do estudo, uma vez que este só foi realizado durante duas semanas e os participantes do mesmo eram adultos apenas com pneumonia leve e moderada, causada pela covid-19. Apesar destas limitações, os autores afirmaram: “A cavidade oral esteve frequentemente envolvida e merece um exame específico em circunstâncias apropriadas para evitar o risco de contágio”.

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