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300 mil pessoas sem dinheiro para saúde oral

Mais pessoas sem dinheiro para ir ao médico dentista, mais pessoas sem dentes e piores hábitos de higiene oral são as principais conclusões do estudo. (Imagem de Lafayett Zapata Montero, Unsplash)

seg. 24 fevereiro 2025

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A Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) divulgou a 9ª edição do Barómetro de Saúde Oral, que mais uma vez traça o retrato da sociedade portuguesa no que diz respeito a hábitos de higiene, dentição, visitas ao médico dentista, perceção sobre saúde oral, oferta pública e gastos familiares. Mais pessoas sem dinheiro para ir ao médico dentista, mais pessoas sem dentes e piores hábitos de higiene oral são as principais conclusões do estudo.

Os dados do Barómetro de Saúde Oral 2024 revelam que cerca de 1 milhão de pessoas nunca vão ou vão menos de uma vez por ano ao médico dentista, sendo que há 300 mil (30%) que apontam a falta de dinheiro como justificação para não realizarem qualquer consulta de medicina dentária. Uma percentagem que agrava 5,6 pontos percentuais em relação a 2023. 

Apesar de não ser possível estabelecer uma relação direta entre estes dois pontos, a verdade é que 98,2% dos inquiridos considera importante e/ou muito importante o acesso à saúde oral através do Serviço Nacional de Saúde. A este indicador há ainda a acrescentar que 96,3% dos inquridos acredita que o Governo deveria comparticipar os tratamentos dentários, tal como faz com os medicamentos. 

De acordo com o estudo, a percentagem de pessoas que só procuram o médico dentista em caso de urgência aumentou para 24,0%, um acréscimo de 1,4 pontos percentuais em comparação com 2023.  

Relativamente à caracterização das pessoas que “nunca vai ou foi ao médico dentista”, destacam-se as pessoas mais velhas como as que mais afirmam nunca ter ido a consultas: “Entre os portugueses com 65 ou mais anos, 7,6% nunca foram ao médico dentista”. Analisando por região, verifica-se que a Grande Lisboa e o Sul são os locais onde mais pessoas indicam nunca ter ido ao médico dentista. 

Miguel Pavão, bastonário da OMD, afirma que “estes resultados envergonham o país e refletem a ausência de investimento na saúde oral. Os portugueses continuam à espera que o Governo apresente o Programa Nacional de Saúde Oral, que seria conhecido até ao final de 2024”. O bastonário sustenta que “enquanto a Organização Mundial da Saúde dá passos importantes no reconhecimento do impacto da saúde oral na saúde geral e desafia os países a trabalharem para garantir o acesso universal a estes cuidados, o reforço do direito à saúde oral, em Portugal, continua estagnado”. 

Grau de satisfação com o médico dentista 

Considerando os dados apresentados no estudo, é de realçar que 33,9% dos inquiridos revelam que a confiança no médico dentista é o fator mais importante numa consulta, enquanto 95,7% revelam estar satisfeitos e/ou muito satisfeitos com o seu médico dentista. 

Quando existe insatisfação, os motivos remetem, principalmente para os resultados dos tratamentos (47,2%) e para os preços apresentados (46,1%).  De destacar neste ponto também, é que 69,7% dos portugueses nunca mudaram de médico dentista ou só o ponderam fazer por razões de necessidade. Em comparação ao ano de 2023, houve uma diminuição de portugueses que mudaram ou estão a pensar mudar de médico dentista. 

Aumenta número de pessoas sem dentes 

Quanto aos portugueses com dentição completa, os resultados desta edição do barómetro apontam para uma redução de 6,8 pontos percentuais em relação a 2023. A falta de dentes naturais aumentou para os 65,7% comparativamente aos 58,9% da última edição. Além disso, 28% dos portugueses têm falta de seis ou mais dentes, representando um aumento de 5,2 pontos percentuais em relação a 2023. A percentagem de pessoas sem nenhum dente natural melhorou ligeiramente (-0,5 pontos percentuais.). 

Indo mais ao detalhe, é possível verificar que as mulheres são quem mais sofre com a falta de dentes. Apenas 31,7% das mulheres tem dentição completa, enquanto nos homens o valor sobe para 36,8%.  

Dos dois terços da população em Portugal sem pelo menos um dente, 57,1% não tem nada a substituir, o que representa um agravamento em relação a 2023 de 7,2 pontos percentuais (49,9% em 2023). Quando o indicador em análise passa a ser a falta de seis ou mais dentes, considerado o número de referência que afeta a qualidade da mastigação e da saúde oral, também aqui as mulheres são mais castigadas: 31,4% face aos 23,4% dos homens. 

Também se verifica que entre os portugueses com falta de dentes naturais, 41% utilizam próteses ou dentaduras e 14,6% possuem dentes fixos, uma redução de 2,4 pontos percentuais em relação a 2023. 

Pode aceder ao estudo aqui.

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