A Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) vai albergar nova edição do curso de Especialização em Periodontologia e Implantologia Oral. A formação, com a duração de três anos, tem quatro vagas disponíveis e os destinatários são titulares de Licenciatura (pré-Bolonha) em Medicina Dentária, de Mestrado Integrado (pós-Bolonha) em Medicina Dentária ou de equivalente legal. O Dr. Ricardo Faria Almeida, coordenador do curso, conta com prática clínica na área de periodontologia, cirurgia periodontal e implantologia oral.
Um dos objetivos desta especialização passa por proporcionar ao aluno uma atualização de conceito no âmbito da periodontologia moderna. Qual tem sido essa evolução?
A periodontologia e a implantologia oral evoluíram muito nos últimos anos. Evolução essa ao nível do conhecimento científico e das técnicas e materiais que nos permitem tratar mais eficazmente os nossos pacientes, com melhores resultados a longo prazo. Mas também a nível do diagnóstico tem existido um avanço, quer no conhecimento científico quer em técnicas avançadas de diagnóstico. Hoje temos ao nosso dispor mais tecnologia e mais conhecimento, que nos permite sermos mais eficazes no diagnóstico e no tratamento, com menor morbilidade para os pacientes. Por outro lado, existe uma consciencialização maior por parte da população e da classe médica da importância da periodontite em outras patologias sistémicas, tais como a diabetes, problemas cardiovasculares, demência, entre outras. É neste contexto de modernização constante, associando o conhecimento científico aos novos materiais e técnicas, que se desenvolve o ensino da especialização.
Qual é o input desta especialização na formação prática do aluno?
Esta especialização cumpre as diretrizes emanadas a nível nacional, pela Ordem dos Médicos Dentistas, e a nível internacional, pela Federação Europeia de Periodontologia. Assim, há uma componente teórica e uma componente prática, que é maioritária. Estamos a falar de colegas que são médicos dentistas que terminaram o seu mestrado integrado e que se querem dedicar especificamente a uma área. Para executar de uma forma previsível, de uma forma cientificamente comprovada, têm de ter um conjunto de conhecimentos teóricos que são lecionados nesta especialização. No entanto, a parte prática é fundamental para quem quer um título clínico. É importante perceber que o título é clínico e não é um título académico. Nesse sentido, podemos dizer que a formação é, maioritariamente, clínica, isso significa que estamos a falar mais ou menos de 25% de componente teórica, e o resto de componente clínica com pacientes.
“Quem faz especializações é para fazer um trabalho mais diferenciado”
Quais são os maiores desafios dos alunos relativamente a esta especialização?
A maior dificuldade que existe, nesta e em qualquer outra, é a adaptação a novas rotinas e contextos. É necessário despender tempo porque não se trata de uma formação de fim de semana, mas sim algo diário, com três anos de duração, cumprindo as diretrizes nacionais e europeias. Na maior parte das especializações, a grande maioria dos colegas que se candidatam são jovens médicos dentistas. Têm a grande vantagem de serem jovens, têm uma energia muito própria e até um conhecimento e um domínio de novas tecnologias de uma forma muito mais rápida e intuitiva do que aquela que eu terei, seguramente. No entanto, não deixam de estar a iniciar a sua atividade clínica. Aquilo que é o entender da área onde se querem formar e aprender, mas percebê-la num contexto global da medicina dentária, obriga a uma análise global e isso resulta em alguma dificuldade inicial. Refiro-me fundamentalmente a entender a necessidade de planificação global do paciente. Porque, apesar de eu estar dedicado especificamente à periodontologia e aos implantes dentários, eu tenho de entender a globalidade da planificação do paciente. São desafios vários, mas que fazem desta especialização uma mais-valia para todos aqueles que a terminam com sucesso.
Qual é a taxa de empregabilidade desta formação?
A perceção que tenho é que é mais fácil para qualquer médico dentista que tenha uma formação pós-graduada ter emprego do que aquele que não a tem. Quem faz especializações é para fazer um trabalho mais diferenciado, um trabalho que se pretende de maior qualidade, que exige mais tempo, mais atenção ao paciente. Da minha experiência em todos estes anos, e especificamente nestes estudantes que estão a terminar, é que as oportunidades foram aparecendo ao longo da formação. Diria que quase todos, uma vez terminado os cursos de especialização, terão trabalho a tempo integral nesta área, o que é sinal que valeu a pena e que, portanto, a empregabilidade é boa nesse sentido. Nesse aspeto estou bastante contente. No entanto, quero olhar para daqui a dez anos e ver onde é que estão estes estudantes, vê-los num patamar superior, esse é o objetivo desta especialização. Que os próximos sejam melhores que os anteriores. Não só formar, mas mais que tudo inspirar para que todos sigam crescendo e com armas para se adaptar a novas realidades e constantes mudanças.
Leia a entrevista completa na edição número 10 do Dental Tribune.
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